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Podcast 702 – Makoto Fujimura: Arte, fé e uma teologia da criação

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Nos Estados Unidos, a obra de Makoto Fujimura se notabiliza como uma “pequena rebelião contra a aceleração do tempo”, nas palavras de David Brooks, colunista do The New York Times.  Mais do que o reconhecimento pela grande imprensa norte-americana, o trabalho de Fujimura se destaca pela mescla entre o expressionismo abstrato e a tradicional pintura japonesa. Suas obras podem ser vistas nos museus do Japão e de Israel, entre outros países do mundo. O público brasileiro, por sua vez, pode acompanhar mais de perto o trabalho de Fujimura desde o começo do ano, quando a editora Thomas Nelson publicou “Arte + Fé: uma teologia do criar”. No livro, o autor propõe uma interpretação bíblica articulada às suas experiências pessoais e a tradições artísticas japonesas. Será que Fujimura sente alguma pressão por ser artista cristão?

Logo no começo da entrevista, Fujimura responde se, por ser um artista cristão, ele se sente pressionado. Nas palavras do convidado, ao se assumir como um homem de fé, “sempre existe uma realidade de escuridão te puxando. Mas é algo esperado, então, não fico surpreso. O que quero dizer é que não tomo isso como desculpa para ser o melhor artista e escritor possível”.

Em boa medida, essa primeira resposta se conecta com o livro de Fujimura, “Arte + Fé”, que, conforme dito no primeiro parágrafo deste texto, ensaia uma reflexão acerca do criar em consonância com as Escrituras. No livro, aliás, o autor comenta o papel das mídias sociais, que, de um lado, podem ser ferramentas de criatividade e, de outro, podem representar instrumentos que ameaçam vidas. Como é que Fujimura lida com essa ambivalência?

A resposta: “Sim, a tecnologia é uma ferramenta, assim como eu uso um pincel para pintar – e o pincel é uma tecnologia. Então, para qualquer tipo de ferramenta, é necessário entender o seu propósito e você deve, também, amar essa ferramenta que você está utilizando. É possível utilizar qualquer ferramenta para ser destrutivo ou trabalhar contra a humanidade de alguém. Portanto, é uma escolha que nós fazemos criar um jeito para que essa ferramenta possa ser utilizada para humanizar e empoderar as pessoas. É a mesma coisa com as mídias sociais”, argumenta.

Em outro momento da entrevista, Makoto Fujimura comenta a passagem de seu livro em que traça um paralelo entre a Revolução Industrial e a maneira com a qual nós concebemos nossa existência. Para o entrevistado do Podcast Rio Bravo, não é necessariamente ruim ter a eficiência como marca, tomando as transformações dos últimos séculos como referência. O problema começa quando a régua da eficiência passa a ser aplicada aos seres humanos. A seguir, ele pontua como isso pode afetar até mesmo a leitura dos textos sagrados, podendo prevalecer, então, a ideia de que “o que está quebrado precisa ser consertado. Como artista, percebo que, às vezes, a Bíblia é vista como um manual para consertar o mundo, enquanto o texto deveria ser lido como um convite ao banquete”.

Ao falar a respeito do papel da arte e da cultura neste momento delicado, marcado pelas guerras culturais no campo político, Fujimura observa que, sim, a arte sempre esteve na vanguarda no que tange à liberdade e à mudança. “Por isso que os ditadores não gostam. Artistas são aqueles que vão para o exílio primeiro. Os ditadores sabem como a arte pode ser perigosa para quem está no comando de um regime de exceção”, observa. E logo adiante ele destaca: “Obviamente, nós podemos utilizar a nossa imaginação para criar armas de destruição em massa, assim como nós podemos utilizar nossa imaginação para criar obras de arte que permanecem”.

Ao final da entrevista, Fujimura reconhece que, embora a capacidade de criar obras de arte tenha sido concedida como um dom, é dever do artista trabalhar no sentido de refinar esse talento. “É um trabalho árduo”, ressalta. Só que a disciplina desse empenho vai possibilitar a criação de algo que irá reverberar ao longo de gerações.

A íntegra da entrevista com o artista e escritor Makoto Fujimura está disponível a partir do link acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo.

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