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Podcast 697 – Zeina Latif: Um ensaio que explica o quebra-cabeça do baixo crescimento brasileiro

podcast da rio bravo investimentos

​“Nós do Brasil – nossa herança e nossas escolhas” (Record, 2021) é o título do livro de Zeina Latif, economista que passou por várias instituições financeiras, como a XP, onde foi economista-chefe. No livro, Zeina Latif resgata as questões relacionadas à nossa origem como nação e busca estabelecer o quebra-cabeça do baixo crescimento brasileiro. Em entrevista ao nosso Podcast, ela conta por que decidiu escrever este livro, comenta a importância da obra de Douglass North para este trabalho e explica por que faz falta uma classe média no Brasil.  

No começo do podcast, Zeina Latif explica algumas de suas motivações, que envolvem certas expectativas em relação ao desempenho do país. “A minha geração viu um Brasil que poderia ter dado mais certo. Eu vivi, na pré-adolescência e adolescência, o fim do governo militar o Brasil numa crise profunda. Havia toda uma dificuldade que foi estabilizar a economia, trazer a inflação para patamares civilizados e aí o salto enorme que foi dado com a estabilização da moeda”. Para a economista, a partir de então, meados da década de 1990, foi dado um salto enorme com a estabilização da economia, com políticas de distribuição de renda, melhoras dos indicadores sociais do país. “Nós conseguimos – às vezes, mais; às vezes, menos – acompanhar o crescimento mundial, mas num período muito breve, também”. 

Na percepção da economista, essas expectativas de um passado não tão distante assim contrastam com a percepção dos jovens, aqui personificadas pela geração do filho de Zeina Latif, conforme ela conta no trecho a seguir: “Além da preocupação com a minha geração, existe a preocupação com as próximas. Sou filha de imigrantes e hoje eu vejo que o sonho da geração do meu filho é ir embora do Brasil”. Nesse sentido, o livro surge como resposta a uma inquietação, nas palavras da autora: “Por que fizemos as escolhas que fizemos?” 

A fim de responder a essa e a outas questões, Zeina Latif utiliza uma referência que permeia parte significativa do livro, a saber: o trabalho de Douglass North. Quisemos saber, então, a importância deste autor para a escrita do livro. “Seria difícil escapar do Douglass North quando procuramos entender que os conceitos tradicionais da teoria econômica não dão conta de explicar as escolhas das nações”. Para a entrevistada do Podcast Rio Bravo, mais do que o fato de North ter sido laureado com o Nobel, o que chama a atenção em relação às ideias deste autor envolve a pesquisa empírica que ele fez.  

Além disso, a economista destaca o fato de North ter lançado um olhar atento para a força das instituições. “Quando o Douglass North apresenta esse tema, ele não está se referindo apenas às instituições formais, aos marcos jurídicos de um país”. Para Latif, é necessário incluir, também, outras instituições, que North considera como informais. “O conjunto de crenças do país, costumes, valores. Como as instituições estão articuladas? E que incentivos existem para que as regras não sejam seguidas? O fato é que existem instituições que não são boas, mas, mesmo assim sobrevivem ao longo do tempo”. Nesse ponto, a economista cita a dinâmica da História do Brasil, país que teve sua origem marcada pela estrutura extrativista, pelo patrimonialismo, oriundos da herança portuguesa, que foi sendo realimentado e foi mudando de desenho e, com isso, sobrevivendo. “Isso constitui a matriz institucional do país”, exemplifica.  

Em outro momento da entrevista, a economista destaca a falta que faz uma classe média no Brasil. O comentário envolve um trecho do livro, que trata exatamente desta parcela da sociedade. Zeina Latif aponta aqui para uma distinção entre o conceito sociológico e o conceito econômico de classe média. Em relação ao corte sociológico, a autora aponta para a noção que envolve o acesso a bens de consumo e a uma vida relativamente confortável, com acesso aos serviços públicos. Em relação ao corte econômico, Zeina Latif menciona o quesito poder aquisitivo, posto que, neste caso, só a classe média alta tem relação com a classe média da sociologia.  

Consideradas essas diferenças, a economista ressalta que “faz falta uma classe média coesa, de uma classe média com valores de trabalho, e ao mesmo tempo de cobrança por melhores serviços públicos. Felizmente, esse grupo tem crescido, mas não tem ainda uma grande força. Se tivesse, remetendo aqui às escolas fechadas durante a pandemia, o resultado teria sido outro”. 

A íntegra da entrevista com a economista Zeina Latif, autora do livro “Nós do Brasil: nossa herança e nossas escolhas”, está disponível a partir do link acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo. 

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